Noventa baleias da espécie jubarte apareceram encalhadas no litoral do Brasil durante a temporada de reprodução dos mamíferos, que vai de julho a novembro. O número já supera as 78 ocorrências contabilizadas pelo Projeto Baleia Jubarte ao longo de todo o ano passado.

Segundo informações do projeto, a Bahia lidera o ranking dos estados com o maior número de encalhes na atual temporada reprodutiva, com 36 registros, seguida pelo Espírito Santo (28), Rio de Janeiro (12), Alagoas (oito), São Paulo e Sergipe (dois).

Conforme o pesquisador, das 36 ocorrências no estado, cerca de 10 aconteceram entre o litoral norte e a capital baiana. O caso mais recente ocorreu na segunda passada, quando uma baleia com cinco metros de comprimento foi encontrada morta em Prado, município ao sul da Bahia.

Já em Salvador, um filhote de jubarte com cerca de 2,5 toneladas foi encontrado morto na praia de Jardim de Alah na manhã do último domingo. A animal foi removido por trabalhadores da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb).

Coordenador de pesquisa do projeto, o veterinário Milton Marcondes observa que a Bahia, assim como o Espírito Santo, encabeça lista de encalhes por sediar o arquipélago de Abrolhos, onde se concentra a maior quantidade de espécimes no intervalo de reprodução.

“O arquipélago fica ao norte do Espírito Santo e no sul da Bahia. Por isso, é natural que a região concentre o maior número de encalhes”, explica. “As ocorrências no Rio de Janeiro se devem justamente por este estado servir de passagem dos animais até chegar ao arquipélago”, continua.

Sem alimento

Milton Marcondes credita os encalhes à escassez de alimentos para as baleias nas regiões polares, por causa das mudanças climáticas. Para ele, a redução da oferta do crustáceo krill pode ter enfraquecido os animais, sobretudo os filhotes, além de deixá-los desorientados e sujeitos à proliferação de doenças.

“Com o aumento da população de baleias, os casos de encalhes tendem a crescer. Além da questão da alimentação, as mortes têm como causas os impactos provocados pela atividade humana, a exemplo do choque com embarcações e acidentes com redes de pesca”, observa Marcondes.

No entanto, o pesquisador frisa que, apesar das estatísticas atuais, o pior ano em relação aos encalhes foi 2010, quando houve 96 registros. “Isso porque a proporção de baleias era bem menor em comparação aos anos seguintes”, comparou o veterinário.

Espécies

Segundo o mais recente censo realizado pelo Projeto Baleia Jubarte, em 2015, a população estimada de jubartes que passam pelo Brasil nesta época chegou a 17 mil espécimes. O número é 30% superior à contagem realizada em 2011, quando foram catalogadas cerca de 11.400 baleias.

As estimativas dos pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte são as de que o aumento populacional dos cetáceos gire em torno de 10% a 15% na temporada 2017.

“Nossa expectativa é que o número de espécimes possa chegar a até 20 mil animais”, concluiu o veterinário. (A Tarde)