No próximo dia 11, completa um ano que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19. O vírus, que infectou centenas de milhões de pessoas e ceifou inúmeras vidas ao redor do planeta, também deixou um rastro arrasador na economia. Na Bahia, somente o varejo em 2020 teve uma queda 6,7%, o pior resultado desde 2011. Isso quer dizer que o estado retrocedeu uma década na questão de vendas no comércio.

Segundo o consultor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Guilherme Dietze, a situação só não foi pior para a economia por causa do auxílio emergencial, que foi fundamental para a recuperação do varejo no segundo semestre de 2020.

“A gente fez um cálculo que, com o auxílio emergencial, tivemos uma queda de 6,7%. Sem ele, projetamos que a queda seria de 22%. Foi gigantesco o impacto do auxílio emergencial na economia. Somente na Bahia ele injetou R$ 17 bilhões e isso foi destinado a 41% da população do estado, o que mostra uma economia frágil, dependente de programas de transferência de renda”, analisou Dietze.

O setor que mais perdeu postos de trabalho no varejo baiano foi o de vestuário. Em 2020, foram 2961 demissões. Já o segmento que mais gerou empregos foi o de materiais de construção, com 1957 admissões.

Dietze diz que, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o emprego no varejo da Bahia teve um saldo, entre admitidos e demitidos, de 273 empregos formais (aqueles com carteira assinada). Os setores que dispensaram os trabalhadores foram os que mais perderam em vendas.

Por exemplo, houve uma diferença de resultados entre setores do varejo em 2020. O primeiro grupo é o essencial, composto por supermercados e farmácias, cujos itens as pessoas compram independentemente de crise. Ele sofreu menos, teve um aumento de 3% no ano passado.

“O segundo grupo é o setor de veículos, vestuário e combustíveis. Em abril, no auge da crise, registrou queda 62% nas vendas quando comparamos com abril de 2019. Com a melhora da situação no segundo semestre, esse grupo conseguiu se recuperar e fechou o ano com uma queda de 23%, uma ligeira recuperação”, detalhou o consultor econômico.

O último é o setor ligado à casa e construção, que teve uma queda de 42% em abril, mas conseguiu em meados do segundo semestre uma alta de 59%. Sendo assim, terminou o ano com 10% de aumento.