O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, uma das presenças mais aguardadas pela comunidade internacional na COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, afirmou nesta quarta-feira, 16, que o Brasil “está de volta ao mundo”, durante encontro com o consórcio de governadores da Amazônia Legal, em sua primeira agenda pública no evento da ONU que discute mudanças climáticas.

“Está saindo do casulo ao que foi submetido nos últimos quatro anos. O Brasil não nasceu para ser um país isolado. O Brasil é muito grande, é resultado de uma miscigenação extraordinária, não podemos ficar isolados como ficamos nos últimos quatro anos. O Brasil não viajava e ninguém viajava ao Brasil. Era como se estivéssemos sofrendo um bloqueio”.

Lula ressaltou também que o país vai voltar a “conviver democraticamente” e criticou a ausência de Jair Bolsonaro na conferência.

“Não é possível que um presidente da República não faça reuniões. Vamos voltar a fazer o Brasil conviver democraticamente com seus representantes”.

O líder brasileiro recebeu dos governadores da Amazônia Legal uma carta que defende a agenda comum regional para a transição climática. Coube ao governador do Pará, Helder Barbalho, ler o texto e reafirmar o desejo de o país sediar a COP daqui a três anos.

“Encerrando esse manifesto, faço um pedido em nome do consórcio de governadores e do povo das florestas. O senhor tem autoridade e liderança de propor a ONU que o Brasil seja sede da COP. Além do gesto extraordinário de o Brasil protagonizar a cúpula do clima quero pedir que a Amazônia sedie a COP em 2025, a COP 30. Para que o planeta conheça a Amazônia”, disse Barbalho.

O presidente eleito ratificou a intenção de recolocar o Brasil nos principais debates globais sobre meio ambiente e explicou que vai manter diálogo com as Organizações das Nações Unidas.

“Pode ficar certo que vamos conversar com o secretário-geral da ONU [António Guterres] para a COP ser feita no Brasil e ser feita na Amazônia. Acho muito importante que seja na Amazônia, para que as pessoas conheçam de perto o que é a Amazônia”, destacou.

Lula aproveitou também para reafirmar o desejo de criar o ministério dos Povos Originários e fortalecer a defesa da Amazônia na sua gestão.

“Se a Amazônia que tem a importância que todos vocês dizem que tem, que os cientistas dizem que tem, não podemos medir nenhum esforço para ver que uma árvore em pé vale mais que uma árvore derrubada”.