“Nesta manhã fui acordado por um telefonema de que a Polícia Federal estava na minha casa. Estou em São Paulo e vou me apresentar. Recebi uma oferta de cem mil reais de um membro da igreja do meu amigo pastor Michael Abud, não sei e não conheço o que ele faz. Tanto é que o cheque foi depositado em conta. Por causa disso sou ladrão? Sou corrupto? Recebo ofertas de inúmeras pessoas e declaro no imposto de renda tudo que recebo. Quer que se alguém for bandido e me der uma oferta sem eu saber a origem, sou bandido?”, questionou ele.
“É a tentativa para me desmoralizar na opinião pública. Não poderia ter sido convidado para depor. Recebi um cheque de um advogado como recebo inúmeras ofertas e as declaro no IR. Sou responsável pela bandidagem de outros? Estou indignado. Será que a Justiça não tem bom senso para saber que eu recebi o cheque de uma pessoa? E isso me torna participante do crime? Estou indignado”, continuou Malafaia.
Policiais federais estão cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 29 conduções coercitivas, 4 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária e sequestro de três imóveis. Além disso, também foi determinado o bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões. Ao todo, 300 policiais estão participando da operação na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
A operação, batizada de Timóteo, tem como objetivo investigar um esquema de corrupção que no repasse dos royalties da exploração mineral, que representam 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e tem como destino os municípios.
Segundo a Polícia Federal, as provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties, oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM junto a empresas de exploração mineral.
Por causa disso, o juiz do caso determinou ainda que os municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou pagamento aos três escritórios de advocacia e consultoria sob investigação.
De acordo com a investigação, a organização criminosa se dividia em pelo menos quatro grandes núcleos: o núcleo captador, formado por um diretor do DNPM e sua esposa, que realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro.
A Operação Timóteo começou em 2015, quando a Controladoria-Geral da União enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do DNPM. Apenas esta autoridade pública pode ter recebido valores que ultrapassam os R$ 7 milhões.
O nome da operação faz referência ao trecho da Bíblia.